Há um tradicional torneio de squash que ocorre todos os anos na Grand Central Station aqui em Nova York. O evento, como sempre, atrai cobertura da imprensa. O New York Times de hoje, por exemplo, publicou texto sobre o egípcio Mohamed El Shorbagy, conhecido como a “Fera de Alexandria”, e a relação dele com a mãe, que assiste a todos os jogos dele e dá broncas e orientações.
No texto, o repórter se pergunto o motivo de o Egito ser tão dominante no squash – mais dominante, inclusive, do que a China no tênis de mesa. Sete dos dez primeiros no ranking mundial de squash masculino são egípcios. E quatro das dez são egípcias (incluindo as três primeiras, sendo que a líder a segunda colocada têm 21 e 19 anos respectivamente).
Em 2009, aqui no meu blog no Estadão, eu havia me feito esta mesma pergunta. Afinal, a relação squash-Egito não é algo óbvio, como seria esqui e Noruega, surfe e Austrália e futebol e Argentina/Brasil. A resposta segue abaixo – e note que, em 2009, eu já previa que o ainda adolescente Mohamed El Shorbagy seria o maior do mundo, embora eu não saiba jogar squash.
“Os ingleses influenciaram ao longo do século 19 e 20 cidades grandes ao redor do mundo, como Mumbai, Cairo, Buenos Aires e até mesmo São Paulo. A marca pode ser encontrada nos clubes esportivos destas metrópoles. Assim como na capital paulista temos o Pinheiros, o Paulistano, o Monte Líbano e a Hebraica, na capital egípcia há o Sporting, o Gezira, o Zemalak. Todos freqüentados pela classe média e a elite. Com piscinas, quadras, pistas e campos, são usados para a prática de esportes como a natação, futebol, handebol, tênis e, acima de tudo, o squash. Esta modalidade é uma febre no Egito. Até mesmo uma quadra foi construída para um torneio internacional ao redor das pirâmides.
E o Egito possui os melhores jogadores do mundo. O número 1 do ranking mundial é o egípcio Karim Dawish, que superou a lenda Amr Shabana, também egípcio e atual segundo colocado, que é o Roger Federer do squash. Quer mais? O quarto é Ramy Ashour e o nono, Wael el Hindi. Sem falar no adolescente Mohamed El Shorbagy, conhecido como o fenômeno de Alexandria, que já está no 22o lugar e muitos dizem que superará Shabana como o melhor jogador de squash de todos os tempos. Fora do ranking, não podemos esquecer do também jogador octogenário Hosni Mubarak, que ainda acumula o cargo de presidente do Egito.”
Portanto a dominância do Egito no squash está no fato de haver muitos clubes esportivos, estes terem muitas quadras de squash, o país ter desenvolvido uma tradição na modalidade (como o Brasil no vôlei) e jovens terem migrado para este esporte em detrimento de outros, como o tênis, por exemplo.
Guga Chacra